segunda-feira, 25 de março de 2013

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Interior da Igreja

O interior é o ponto alto do conjunto. Aqui, contrariando a austeridade do modelo da fachada, há bastante diversidade de referências como convém a uma velha matriz do setecentos. Começa pela planta de distribuição do espaço interno. A capela mor, confrontando o modelo tradicional, é da mesma largura da nave. Porém é um ambiente inteiramente distinto desta, separada pelo arco cruzeiro. A nave é acrescida de corredores laterais em trifórios, ou seja, ligados a ela por aberturas sob arcos sustentados por pilastras e onde estão os altares laterais que assim, não ficam no mesmo recinto da nave como tradicionalmente acontece. Essa particularidade obrigou a colocação dos púlpitos apoiados nas pilastras laterais o que lhes confere bastante raridade e um inusitado aspecto de fragilidade, incomum em qualquer peça das igrejas dessa época. 


Alguns autores concebem o espaço interno do templo como constituído de três naves o que não nos parece correto pois a nave propriamente é claramente definida e preserva sua função primordial. O interior é bastante iluminado pela luz natural já que existem vários janelões elevados se abrindo para a nave e a capela mor. Os corredores dos lados da nave, como dito, se comunicam com o corpo principal da mesma através de largos arcos enfileirados. O altar mor tem características predominantes da primeira fase tendendo para arquivoltas, porém interrompidas por uma tarja no coroamento. A talha é rotunda e profusa, com dois nichos laterais, um pouco acima de duas misteriosas portas e ladeados por colunas torsas, encimadas por uma espécie de baldaquino. Entronada se encontra uma grande imagem da padroeira do templo, composta pela virgem e anjos aos borbotões. O trono é baixo, quase inexistente, distante da exuberância dos tronos rococós, verdadeiras fontes de cascatas. O teto da capela é artesoado, em molduras retangulares, com pinturas. As paredes laterais são decoradas por pinturas ricamente emolduradas. Há três janelões guarnecidos de balaustradas e coruchéus de cada lado da capela mor.

O arco cruzeiro é encimado por um medalhão caprichoso e é todo entalhado no mesmo estilo das galerias laterais. No recinto dessas galerias estão os altares secundários, num total de seis, com retábulos em arquivoltas mas com colunas torsas mais robustas, acentuando a mistura de referências existentes no templo. Os tronos dos dois primeiros altares têm um formato semelhante ao cálice de uma fonte ou a um cântaro. Há fartura de entalhes por todo o templo, combinando folhas,frutas, atlantes, cariátides e anjos. Há também grande quantidade de pinturas com cenas variadas de inspiração religiosa.

O teto da nave também é artesoado e mostra uma pintura decorativa suave e bastante discreta. O coro é simples e um pouco afastado, distinguido-se do recinto da nave. O dourado da talha está bastante descorado o que é atribuído por alguns autores à grande incidência de luminosidade no interior do templo. Além do recinto da nave e da capela mor, há ainda como cômodos principais, a Capela do Santíssimo, a sacristia e o consistório. Belas portas guarnecem a entrada desses cômodos. A capela lateral se abre para o trifório. Seu altar apresenta um retábulo básico com colunas em quartela sustentando uma espécie de baldaquino e guarnecendo o Cristo Crucificado. O teto é artesoado em gamela e a porta de acesso é almofadada e com entalhes policromados. A sacristia apresenta um grande arcaz sobre o qual está um altar tipo oratório, ladeado por quadros. O forro é em planos facetados e há um lavabo de madeira encostado numa das paredes. Destaque ainda para as portas que ligam a sacristia e o consistório ao recinto da Capela-mor: são em delicadas pinturas em dourado e vermelho de inspiração chinesa.

Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição - Sem data - Sabará - Minas Gerais
Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição - 2010 - Sabará - Minas Gerais
Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição - 2012 - Sabará - Minas Gerais

Mais fotos:


 



Exterior da Igreja


Seguindo o modelo característico da primeira metade do século XVIII, tem uma fachada simples e um interior bastante suntuoso. A fachada segue de forma comportada, o modelo clássico da primeira fase. O frontispício está organizado a partir do quadrado tradicional, tendo uma porta elementar no centro e cunhais de táboas pintadas emoldurando a base das torres. Dois janelões retangulares se abrem nas laterais um pouco acima da parte superior do portal. A iluminação da Matriz é bastante engenhosa. A colocação de vidraças bem próximas ao forro proporcionou uma iluminação suave e agradável. O frontão é bastante singelo com perfil em curvas discretas guarnecido por um beiral de telhas e encimado por uma cruz resplandecente. O telhado das torres é em forma de quatro águas e têm no alto duas cruzes apoiadas em esferas armilares. A Cimalha é coberta também por um telhado em forma de beiral que segue o seu traçado. 


Matriz Nossa Senhora da Conceição - Sem Data - Sabará - Minas Gerais

Matriz Nossa Senhora da Conceição - 2010 - Sabará - Minas Gerais

Mais Fotos:




Matriz Nossa Senhora da Conceição


Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição - Sabará - Minas Gerais

A igreja de Nossa Senhora da Conceição é a primeira igreja matriz de Minas Gerais, construída em 1701. Localiza-se na Praça Getúlio Vargas em Sabará. Está situada na parte baixa da cidade, próxima à igreja de Nossa Senhora do Ó, ou seja, na autêntica parte velha que hoje na realidade, tem aspecto mais novo do que a região central de Sabará. É popularmente chamada de igreja nova ou grande, tradição que vem desde a época da sua construção em substituição a capela primitiva existente no mesmo local.  Mostra uma fachada com partido arquitetônico característico de inícios do sec. XVIII, bem simples, ao estilo das primeiras construções religiosas de Minas Gerais. Sua construção está ligada ao esforço do padre José de Queirós Coimbra que foi seu vigário por mais de meio século. Fique atento ao horário de visitação de terça a domingo, de 9 ao meio dia e das14 às17:30 horas. É cobrada uma taxa de 1 real para visitação.

Uma música..

A sede do peixe - Milton Nascimento

Para que o suor não me deu
O fogo do Amor ensinou
Ser o barro embaixo do sol
Ser chuva lavrando o sertão
Qual Aleijadinho de Sabará
E a semente das bananas

Para o que não tem solução

A sede do peixe ensinou
Não me vale a água do mar
Nem vinho, nem glória, navio
Nem o sal da língua que beija o frio
Nem ao menos toda raiva

Para o que não tem mais razão
A calma do louco ensinou
A dizer nada

Para o que não tem mais nada
A calma do louco ensinou
A dizer razão


quinta-feira, 21 de março de 2013

Mais um pouco sobre o Barroco Mineiro


 "O Barroco Mineiro nasceu mestiço como seus criadores,
filtrando influências de várias partes de Portugal e do Brasil.
Muitas vezes seu esplendor se esconde no interior das
pequenas igrejas de paredes de taipa, quadradas e brancas,
revelando-se com impacto quando se abrem as portas.
É o que acontece, por exemplo, na Igreja de Nossa Senhora
do Ó, em Sabará, ou na Capela do Padre Faria, em Vila Rica,
e em várias outras construções da primeira metade do século XVIII".
(Saga: a grande História do Brasil. São Paulo: Abril Cultural, 1981, vol. 2-p.127)


O Barroco, foi uma das formas de expressão artística mais visíveis entre o século XVII e a primeira metade do século XVIII, no Brasil.
O enriquecimento provocado pela mineração e a forte religiosidade dos povos das minas, favoreceram o desenvolvimento das artes em Minas Gerais.
O barroco desenvolveu-se no Brasil ao lado dos primeiros núcleos urbanos. As principais manifestações dessa arte foram as construções religiosas levantadas em Salvador e Recife. Mas, o auge do barroco, manifestou-se nas cidades mineiras do Ciclo do Ouro, como Ouro Preto e Mariana.
A riqueza resultante da exploração do ouro na região de Minas Gerais estimulou, em Ouro Preto, o surgimento do maior conjunto de arquitetura barroca do mundo e justificou o tombamento da cidade como patrimônio nacional, em 1933, e em patrimônio mundial, em 1980.
Apesar da influência inicial do Barroco europeu, a arte barroca no Brasil assumiu características próprias. 
A arte barroca evoca a religião em cada detalhe: altares, geralmente em madeira, expõe ricos ornamentos espirais ou florais e é todo entalhado com figuras de anjos e imagens revestidas de uma fina película de ouro. Santos em relevo se espalham pelas capelas da nave central, e o teto, representando geralmente um céu em perspectiva, que aumenta a sensação de profundidade no ambiente.
A vida cultural nas Minas Gerais desenvolveu-se principalmente em torno das Igrejas e confrarias. Por essa razão, a arquitetura, a escultura sacra e a música se desenvolveram na região e deixaram importantes registros do barroco brasileiro.
Na arquitetura, temos importantes construções no estilo barroco,  como a Igreja Matriz da Nossa Senhora da Conceição em Sabará que será nosso exemplo.

Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição - Sabará - Minas Gerais

Um pouco sobre o Barroco Mineiro

Igreja São Francisco de Assis - Ouro Preto - Minas Gerais


A religiosidade católica, o fascínio pelo ouro e o desejo de afirmação e autonomia, unidos num só sentimento, explicam, nos planos psicológico e social, a criação da arte em Minas.

A religiosidade veio de Portugal e era cheia de pompa: forma de reafirmação católica diante da força crescente do protestantismo na Europa e do reforço do absolutismo na monarquia lusitana. O fascínio pelo ouro dominava todas as cabeças – portuguesas, brasileiras e africanas – enquanto a vontade de ser autónoma era companhia inseparável daquela sedução.

A influência mútua desses três factores fez com que as manifestações artísticas das  minas fossem a imitação do barroco europeu, mas ao mesmo tempo a sua recriação original, autêntica e nacional. Além disso, as catas de ouro e diamante estavam afastadas e mesmo isoladas do litoral, que se limitava a copiar a metrópole de além-mar, e só essa circunstância proporcionou para si ambiente à improvisação, à invenção, à própria criação artística autónoma. Daí ter nascido em Minas, "a mais forte, mais farta e mais bela expressão de uma arte verdadeiramente brasileira".

Barroco mineiro é a denominação genérica dada às artes que floresceram em Minas no século XVIII, o século da mineração, quando o barroco já havia sido superado na Europa. Lá, predominou no século XVII, quando o estilo foi transplantado para o litoral do Brasil, como se vê nas igrejas e conventos da Bahia e Nordeste.

Para se entender esse movimento artístico mineiro e a própria alma de Minas, para não dizer do Brasil, o ensaísta Afonso Ávila, um dos mais importantes estudiosos do tema, chama a atenção para as diferenças entre o barroco  de modo geral,   e o antigo classicismo da Renascença: o estilo clássico representou o império das formas lineares, independentes, rígidas e bem definidas, enquanto no barroco prevaleciam maior liberdade, movimento, curvas, pinturas, noção de conjunto e uma certa indefinição das formas individuais.

O estilo ocorrido em Minas tem cinco aspectos principais: exuberância de decoração interna das igrejas; uso intenso da talha de diferentes cores, sobretudo o revestimento de ouro; crescente tendência à movimentação e encurvamento, primeiro da arquitectura interna das igrejas, depois da externa; realismo das esculturas e imagens; e presença simultânea de ornamentos religiosos e profanos.

No entanto, se as características gerais do barroco e as específicas do barroco mineiro denotam um estilo mais desenvolto e livre, como foi ele ao mesmo tempo, o estilo do absolutismo e da dominação colonial? Para Afonso Ávila, esta questão é "o desafio mais fascinante do barroco", no qual ele identifica um jogo entre duas forças: de um lado, o poder repressor, que usou da exuberância do estilo cheio de movimentos, cores e curvas para fascinar e assim subjugar o povo, e de outro a força dos desejos, sonhos e fantasias do próprio povo, que utilizou o barroco como forma criativa e apaixonada de expressá-lo:
« (...) o barroco soube encontrar, em meio aos fantasmas da Inquisição e do poder absoluto dos reis, a válvula de escape do jogo criativo» escreveu Afonso Ávila.


Therezinha Barreto de Figueiredo

Fonte: “Minas Colonial” – Editora Efecê S.A